Perdendo tempo

Escrevi esse texto em um daqueles dias em que o tempo parece parado, e a alma busca respostas simples em perguntas repetidas. Às vezes, o que a gente precisa não é saber as horas… mas encontrar um sentido nelas


Bom dia! Bom dia!
Por favor... que horas são?
Não se preocupe, perguntei só por educação.

Com licença, posso perguntar uma coisa?
Você conhece algum poeta?
É que eu preciso aprender mais sobre o mistério da vida.

Eu sei... pode não ser da minha conta,
mas estou entediada.
Queria ouvir uma teoria diferente sobre a existência —
ou quem sabe, que alguém criasse uma nova.

Cansei de ouvir as mesmas coisas.
Quero acreditar que a vida é mais importante do que isso.
Me faça crer, de novo,
que viver é melhor que sonhar.

Muito bem... então me ajude a me equilibrar.

Mas por favor... que horas são?


                            ✦ Entrelinhas desbotadas ✦

Este texto apresenta uma inquietação disfarçada de conversa cotidiana. A pergunta recorrente “que horas são?” funciona como símbolo de busca por direção, propósito ou sentido — não apenas no tempo cronológico, mas na própria vida.
A narradora se mostra entediada com as respostas prontas e os discursos repetidos sobre a existência. Ela não busca fatos ou teorias concretas, mas um novo olhar sobre o viver.
Ao perguntar sobre poetas, ela está pedindo sensibilidade. Poetas são, aqui, representações daqueles que sabem olhar o mundo de forma diferente.
A referência a “viver é melhor que sonhar” remete à clássica canção de Belchior, resgatando a tensão entre idealismo e realidade. A narradora não quer mais ilusões, mas também não quer se conformar com o vazio.
No fim, a pergunta volta: “que horas são?” — e já não soa educada, mas desesperadamente simbólica. É como quem diz: por favor, me diga onde estou no tempo e no espaço da vida.

O texto é um pedido por reencantamento — e um lembrete de que às vezes a alma só precisa de uma nova forma de escutar as mesmas horas.


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