Paralisia
16/02/2019
Já é noite. Estou caminhando pela floresta sozinha.
Sem a luz das estrelas, sem a luz do luar — só a noite nublada e fria.
A chuva chegou. Procuro um lugar para me alojar.
Acho uma caverna, mas não tenho lanterna...
Não tenho fogo, nada para iluminar ou me esquentar.
Eu começo a cantar, para não sentir medo —
mas o eco começa a me assombrar.
Memórias felizes de dias ensolarados começam a me fazer chorar.
Não há pássaros, nem vagalumes.
Só o vento uivando, lembrando gritos que surgem do além para me assustar.
Aperto os olhos com força. Faço um esforço. Tento me controlar.
É tão bom dormir… é difícil acordar.
Parece mesmo que algo tenta me manter neste lugar.
Mas eu vou acordar.
Eu vou acordar!
1, 2, 3 e já!
✦ Entrelinhas desbotadas ✦
Esse texto descreve, com linguagem simbólica, uma experiência de paralisia do sono — uma condição real em que a pessoa desperta mentalmente, mas não consegue mover o corpo.
A floresta escura e a caverna representam a confusão e o aprisionamento mental. A ausência de luz e sons naturais reforça a sensação de isolamento e desconexão com a realidade.
O uso da voz (o canto) é uma tentativa de manter o controle, mas o eco devolve medo, mostrando que até o que deveria confortar se transforma em ameaça.
As memórias felizes causando choro indicam que o problema não é só físico, mas emocional — como se até a lembrança do que é bom fosse dolorosa em um momento de crise.
A contagem final (“1, 2, 3 e já!”) é um recurso clássico de quem tenta romper o ciclo — e mostra a força do eu lírico em reagir, mesmo dentro do pesadelo.
O texto, portanto, vai além da descrição de um distúrbio: ele é um retrato da mente tentando resistir quando tudo parece paralisado.
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