O dia em que Gramado se vestiu de branco

 28/07/2021 – Gramado, RS

Olhei o relógio: eram 15h43. Eu já estava pronta para o meu compromisso às 19h, quando fomos surpreendidos por algo raro. Do lado de fora, ouvi gritos de alegria. Corremos para ver o que era.
Eram pequenos flocos de neve caindo do céu, e todos pulavam e giravam, comemorando como se estivessem dentro de um filme.

Minha mãe pegou o celular e começou a gravar. Tudo estava tão lindo!
Estendi a mão e senti os floquinhos tocarem minha pele. Era uma sensação rara para quem vive no Brasil. A ponta do meu nariz estava gelada, meu cabelo começava a ficar úmido, e meu casaco já se cobria de neve.
Percebi que o que eu vestia não era suficiente, então corri para pegar luvas, touca e um cachecol.

18h12

Já estava pronta para o meu compromisso... Mas uma nova surpresa me aguardava.
O que antes eram apenas floquinhos suaves se transformou numa verdadeira tempestade de neve.
Tudo ao meu redor começava a ficar branco, e meu coração batia acelerado com a emoção.

Peguei minha bolsa e saí. O lugar era perto, uns oito minutos a pé.
Desci as escadas do apartamento e, ao abrir a porta que dava para a rua, me deparei com um pequeno monte de neve cobrindo a calçada.
Nunca tinha visto algo assim.

A cada passo, a cada detalhe, uma nova emoção.
A calçada cinza agora estava branca, coberta de pegadas.
As árvores estavam completamente cobertas de neve, assim como os telhados, os carros, tudo.
Mas, mesmo sendo tudo branco, não parecia vazio — parecia uma pintura, uma obra de arte.

As pessoas estavam nas ruas, saindo dos hotéis, dançando, tirando fotos.
As crianças corriam e brincavam como se estivessem dentro de um conto de fadas.
E ora, se uma máquina de espuma já é mágica para uma criança, imagina vivenciar algo tão real...

A cidade se encheu de visitantes — todos buscando viver aquele momento único.
Famílias rindo, casais tomando chocolate quente... era como se Gramado tivesse sido abraçada por um sonho.

No dia seguinte, a neve já começava a derreter. Quase parecia que tudo tinha sido uma invenção da nossa imaginação.
Mas ali, no chão e nas árvores, ainda restavam pequenos fragmentos da magia do dia anterior.
As lembranças ficaram além das fotografias — ficaram guardadas em um lugar muito especial no coração.

E assim, ano após ano, renasce a espera por sentir aquele momento outra vez.
Enquanto muitos ainda sonham em vivê-lo pela primeira vez.

#neveemdramado #GramadoRS #cadernosdesbotados #memóriasdeinverno #textoautoral