A casa na colina

Consigo ouvir o vento lá fora, passando livre e ferozmente.
A noite deste outono chegou vestida de mistério e inverno.
Meus dedos congelam enquanto tento escrever o que estou sentindo.
Meus pés imploram por mais um par de meias.

Os vidros estão embaçados, parecem blocos de gelo.
A água escorre por eles como se tentasse, desesperadamente, alcançar o tapete quentinho que está no chão.
Não há som algum lá fora além do vento, parece até que estou sonhando.
Tudo tão escuro, tão frio...

Mas, de repente, algo me chama atenção.
Uma luz amarela se acende numa casa no alto da colina.
Consigo ver a fumaça saindo da chaminé, deve estar tão quentinho lá dentro.
Na janela, a silhueta de alguém parado, segurando uma caneca.
Ela assopra e dá um gole. Fico curiosa: será chá? Será chocolate quente?

Ela já estava acordada?
Ou acordou agora? Será insônia? Trabalho?
Ou talvez, assim como eu, esteja apenas admirando o clima e criando poesias...
Será que está sonhando?
Será que está me vendo e se fazendo perguntas também?

No fim das contas, nem sei por que tantas perguntas.
É só uma pessoa qualquer, assim como eu.
Mas é isso o que acontece quando o silêncio chega,
quando a gente observa o mundo sem compreender sua imensidão.
A gente sonha. Sonha...
E faz perguntas. Muitas perguntas.
Não é mesmo?




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