O bocejo

Há gestos que o tempo não apaga.
O bocejo, por exemplo, esse abrir de corpo e alma,
essa pausa em forma de suspiro.

Enquanto o mundo corre sem olhar pra dentro,
o bocejo continua o mesmo: instintivo, sincero, sagrado.
Nem a pressa, nem as telas luminosas,
nem a vontade de parecer incansável
conseguem calar esse instante de entrega.

Bocejar é um sopro de Deus em nós.
É o corpo lembrando que foi moldado por Ele,
que o ar que entra e sai
é o mesmo que um dia deu vida ao primeiro ser.

Quando a boca se abre sem aviso
e o peito se enche de ar,
há algo maior agindo em silêncio.
É um gesto divino de renovação.
É como se Deus dissesse:

“Descansa, Eu ainda te sustento.”

Bocejar é reconhecer o milagre do fôlego.
É permitir que o Espírito se mova,
ainda que por um instante,
entre o cansaço e o renascer.

Dentro desse ato simples vive o sagrado:
a respiração que nos liga ao Criador,
o corpo que se curva sem perceber
diante da própria essência da vida.

E então, por um breve momento,
quando o ar entra e a alma se expande,
o universo inteiro se recolhe em gratidão.
Porque até no bocejo,
Deus respira conosco.



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