A menina esquisita

Na escola, ela era a menina esquisita.
Enquanto os colegas decoravam fórmulas e tiravam notas altas,
ela se perdia em pensamentos invisíveis aos olhos de todos.

Diziam que ela escutava por um ouvido e deixava escapar pelo outro.
E talvez fosse isso mesmo...
Mas não porque sua cabeça fosse pequena,
mas porque estava sempre cheia demais.

Cheia de imagens, de histórias,
de mundos que não cabiam em provas ou cadernos de matemática.

Hoje, quase trinta anos depois,
ela paga impostos, recebe pouco
e ainda sonha em comprar uma casa para a família.
Um lar que não seja apenas de tijolos,
mas abrigo para todos os sonhos suspensos no tempo.

Às vezes se sente fracasso, 
como se tudo o que faz fosse nada.
Mas, no fundo, sabe:
a menina esquisita nunca deixou de criar,
nunca deixou de transformar silêncio em poesia,
nunca deixou de acreditar que o impossível
é apenas o "ainda-não".

E se você também se sente esquisito,
perdido ou deslocado,
lembre-se:
Há beleza em enxergar o mundo de outra forma.
É dessa estranheza que nascem as cores,
os textos, as músicas e as fotografias
que um dia irão tocar a alma de alguém.

Ser esquisito é apenas outra forma de ser infinito.

Em um mundo de prateleiras cheias,
onde tudo parece igual,
seja uma obra de arte.

Talvez não te considerem o melhor do mundo,
mas lembre-se:
Você é incomparável.
Você é único.



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