Trocar de estação

 Durante o dia, quando o som é alto e tem presença, tudo parece correr com pressa. Buzinas de carros, passos apressados, crianças rindo, adultos gargalhando… é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que, às vezes, você sente vontade de trocar de estação — como num velho radinho da vida.

O relógio parece brincar com a gente. Tudo passa depressa, principalmente os momentos bons.

E então chega a noite: escura, estrelada, calma. À primeira vista, o cenário perfeito para um pouco de paz.
Mas nem sempre.

É nessa hora que percebemos como estamos por dentro.

A cidade silencia, as pessoas vão dormir, e você se deita…
Mas o que fica mais alto? Os pensamentos. Eles gritam.
E então, surgem duas escolhas: ouvi-los com coragem e tentar entender, ou buscar distração em qualquer coisa, só para não ser atormentado por eles.

Raras são as noites em que dormimos acreditando, de verdade, que tudo está bem no mundo.
Mais uma vez, você se pega desejando — talvez até rezando — por uma forma de trocar de estação.

Às vezes, o melhor a fazer é correr, dançar, rir, pular… se cansar. A exaustão, ao menos, oferece algum descanso à mente.
O pior é acumular pensamentos sem saber o que fazer com eles.

Mas então o dia amanhece.
Você se levanta.
E faz tudo igual novamente.

É difícil, eu sei, quebrar uma rotina. Criar um novo ciclo.
Mas a vida é feita disso, não é? Mudanças.

Não conseguiríamos viver num eterno inverno. Ou verão.
Precisamos de todas as estações.

Nem sempre será quente ou frio. Nem sempre será uma estação aconchegante como o outono, ou perfumada como a primavera.
Mas nós somos isso: movimento. Passagem.
E também recomeço.

Então, me diz...
Qual será a sua próxima estação?



✦Entrelinhas Desbotadas

O texto utiliza o contraste entre o dia e a noite para mostrar como o barulho externo pode distrair dos conflitos internos, enquanto o silêncio noturno escancara os pensamentos. A metáfora do “radinho da vida” expressa o desejo de escapar do que incomoda, mas revela também a frustração de não conseguir “trocar de estação” na mente.
A repetição da rotina sugere estagnação, mas aponta que aceitar as mudanças — como as estações do ano — é parte essencial da vida emocional. No fim, a pergunta “Qual será a sua próxima estação?” funciona como um convite sutil à reflexão e ao recomeço.


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