Quando a cidade dorme

 Minha mente foi tomada por um grande tsunami de pensamentos aleatórios.

Eu me revirava tanto na cama que parecia um terremoto, se eu não me levantasse logo, era capaz da minha cabeça explodir como uma bomba atômica.
Tudo ali dentro fervia: um ensopado de procedências duvidosas, com sonhos sem sentido, ideias impossíveis, medos irracionais e teorias da conspiração demais para uma só madrugada.
Se eu não escapasse logo, seria engolida por um buraco negro.

Calcei o tênis, vesti meu melhor casaco e saí para uma caminhada noturna.
A cada passo, os pensamentos iam evaporando, e assim eu me aliviava.
A noite estava nublada e fria. O som dos meus passos ecoava até a esquina.
Comecei caminhando, mas sem perceber, já estava correndo.
Queria me esgotar por inteiro.

Foi quando tropecei numa pedra e fui ao chão, de bruços.
Me levantei rápido, sacudi a poeira das mãos, estavam um pouco raladas, mas nada demais.
Dei meia-volta e resolvi voltar pra casa. Já começava a me sentir bem melhor.

Eu ainda suava bastante quando um pensamento amargo tentou voltar pelo caminho.
Quase consegui domá-lo…
Mas um cachorro latiu do nada, e eu me assustei.
Pronto. Agora tudo perfeito.

Cheguei em casa exausta. Tomei um banho quentinho.
Minha cama, antes um campo minado, agora parecia um pequeno e calmo laguinho.
Me deitei, respirei fundo.
E assim, adormeci.



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