Entre o grito e o silêncio
Ainda era noite quando fui arrastada para dentro de mim mesma.
Me vi presa em um corpo que não respondia,
em um mundo que parecia o meu,
mas sussurrava com a voz do medo.
Tentei gritar, mas a boca não obedecia.
A mandíbula doía.
A alma tremia.
E o que saía de mim eram apenas ruídos sufocados,
como se até o ar tivesse medo de me escutar.
Meus pais estavam lá.
Ou talvez fosse a ideia deles,
a memória do amor deles tentando me alcançar
num espaço onde nem o tempo fazia sentido.
Tentei protegê-la — minha mãe.
Mas quem se moveu não fui eu.
Meu corpo era um teatro assombrado,
e eu, a plateia desesperada,
presa no fundo dos meus próprios olhos.
Gritei por Deus.
Ou tentei.
E quando a escuridão parecia se fechar de vez,
um estalo —
um tapa, uma libertação, uma luz.
Um anjo, de pedra e névoa,
me arrancou da noite com um gesto seco.
E acordei.
Ofegante. Chorando.
Com a barriga vibrando de medo e alívio.
Mas eu acordei.
Agora o céu começa a clarear,
e com ele vem a certeza:
o sol sempre volta,
e eu também.
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