A velha casa

Muitos temem você.

Suas paredes estão velhas, quebradas,
úmidas… e o cheiro é forte.

Mas você não tem culpa de nada.
Não fique triste —
eu posso cuidar de você.

Falam das suas janelas.
Sim, estão rachadas, empoeiradas…
Mas o que eu vejo é uma obra de arte.

Se quiser, eu posso te consertar.
Cuidar de você.

Eles não sabem.
Eles não conseguem ver.

Mas eu sei.
Eu vejo.

E o que vejo é história —
tanta história querendo ser contada.

Anime-se, velha casinha.
Você não está sozinha.

Eu estou aqui.
Eu cuido de você.





✦Entrelinhas desbotadas
 
O texto estabelece um diálogo com uma casa antiga e deteriorada, atribuindo a ela sentimentos e identidade. Embora fale diretamente de uma construção abandonada, a metáfora sugere paralelos com pessoas deixadas de lado pela sociedade — como idosos ou moradores de rua. A proposta central é a de reconhecer valor e história onde geralmente só se vê abandono ou desgaste. Ao mesmo tempo, o texto também pode ser interpretado de forma literal, como um olhar sensível e cuidadoso voltado a lugares esquecidos, que ainda guardam marcas do tempo e potencial para renascer.



      #TextosAutorais #ReflexõesDaVida #SentimentosEmPalavras #CadernosDesbotados

Comentários

  1. E é assim que nos sentimos quando nos deparamos com histórias reveladas através da percepção no olhar das coisas empoeiradas pelo tempo, elas falam por si só né não?

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