Conversando com as estrelas

Mais uma noite fria e úmida se aproximava.
Ninguém ousava sair — todos estavam confortáveis diante da lareira,
cobertos com edredons fofinhos e tomando um bom chocolate quente.

A luz avermelhada das chamas refletia no olhar vago de uma menina,
que, mesmo aquecida, sentia uma vontade imensa de sair para a varanda.

Ela esperou pacientemente todos dormirem,
pois não queria que ninguém a impedisse
de conversar com as estrelas —
ou com os anjos, como ela mesma dizia.

Enrolou-se nas cobertas, calçou dois pares de meias grossas
e saiu.

O frio congelava suas bochechas,
mas ela olhava para o céu e sorria.
Seus olhos se enchiam de lágrimas enquanto dizia, baixinho:

— Queridas estrelas… quão belas vocês são.
Como eu adoraria conhecê-las, voar pelo espaço onde vivem.
Estão tão distantes, e ainda assim, seu brilho me alcança.
Será que me escutam? Será que, ao piscar, estão respondendo?
Eu não conseguiria dormir sem antes ver vocês.
Se pudessem me dar "boa noite", eu ficaria tão feliz…

Ela observou por mais alguns segundos o céu estrelado,
até decidir entrar.

Mas antes de fechar a porta,
deu uma última espiada.

Foi quando viu uma estrela cadente.

E nem fez um pedido.
Apenas sorriu.

Porque ver aquela estrela…
já era um pedido atendido.



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