Café que esfria na xícara
O dia de descanso finalmente chegou — mas também era dia de passear.
Mais um domingo de manhã, só que nublado.
Nunca gostei de viajar em dias nublados... ainda assim, eu ansiava por esse passeio há meses.
Fui até a cozinha, preparei uma xícara de café e fui para a varanda.
Ainda tinha algumas horas de sossego antes de precisar me arrumar.
Me sentei numa cadeira e comecei a conversar com o vento.
— Se a resposta for sim, sopre bem forte em mim. Se for não, não se mova —
E assim começou a brincadeira.
O vento parecia mesmo responder.
Tá certo que eram perguntas óbvias, nada profundas — era só o meu pequeno passatempo.
— Hoje o dia está nublado? — E o vento soprou forte, parecia até rir comigo.
— Hoje é sábado? — E o vento não passava.
E por aí seguimos, nessa conversa inocente.
Até que, de repente, o sino da igreja começou a tocar...
— Já é meio-dia!? — E o vento soprou forte.
— Certo, certo… chega de brincadeira.
Entrei apressada e comecei a me arrumar.
— Cadê minhas roupas?
Olhei pela janela.
Lá estavam elas. Enxarcadas.
Completamente molhadas.
— Meu Deus! E agora? Não vou mais passear?
O mundo lá fora começou a cair.
Era raio com raiva, granizo se defendendo, o vento desesperado...
— É… acho que não era pra ser.
O vento abriu as janelas com força. Eu fui até lá e tranquei tudo.
Sentei no sofá, respirei fundo e disse:
— Bom... nada melhor do que um domingo de descanso em casa.
Liguei a TV no canal de notícias:
“Todas as estradas estão interditadas devido à chuva.”
— Nossa... parece até que o vento tentou me alertar.
O vento bateu três vezes na janela.
Eu sorri e respondi:
— Certo, certo. Eu entendi.
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